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Afinal, o que é a tal da leitura crítica? | por Lari Alcântara

Olá pessoas! Eu sou a Lari Alcantara, autora dos contos Quarto 24/7 no Hotel Fantástico vol. 2023, Quarto 15/3 no Hotel Fantástico vol. 2024 e de Glicínias, que faz parte da Coleção Roda do Ano, todos pela Editora Fantástica. Além disso, também sou leitora crítica e estou aqui para falar um pouquinho do que é esse serviço e da importância dele para o seu texto! Bora lá?

Para quem não conhece, Leitura Crítica é um serviço editorial que visa ajudar a lapidar e melhorar ainda mais a história, com uma visão crítica. E quando falamos de “crítica” não significa que vamos acabar com o seu texto, tá? Pelo contrário, a intenção é ajudar a melhorar! 

Por exemplo: Sabe quando você apaga aquela cena lá no capítulo 3 e esquece de apagar uma referência dela lá no capítulo 20? Um detalhe pequeno, né? Parece bobagem, mas não é. E não é só isso que fazemos, tem muito mais por trás.

 

Tá, Lari, mas isso ume leitore beta poderia falar, não?

Leitor beta x Leitor crítico: a grande polêmica

Sim, poderia, mas não é função dele. A verdade é que “leitor beta” e “leitor crítico” são duas coisas completamente diferentes e, no meio do caminho, alguém acabou misturando os dois e transformando em uma bela confusão para quem não conhece nada.

Ume leitore beta é alguém que vai testar a sua história como público alvo. Ou seja, se você é ume leitore assíduo de fantasia, você vai se interessar pelos livros da Editora Fantástica, certo? Afinal, envolve o mundo fantástico como um todo, seja baixa fantasia, alta fantasia, romantasia, fantasia urbana… Então você é o público alvo da editora e, se por acaso um des autories da casa chegar nas redes sociais e falar “gente, tô precisando de leitore beta, alguém disponível?”, essa é a sua hora de brilhar.

Mas eu vou ganhar com isso? A verdade é que depende. Hoje em dia tem pessoas cobrando pela leitura beta e eu, Lari, sou contra isso (mas cada um faz o que quer, né?). Leitura beta é um teste, você está lendo de forma antecipada um livro que poderia te interessar e apontando para ê autore as coisas que mais gostou ou o que achou que não funcionou para você, como leitore.

O que é diferente da leitura crítica. Aqui você vai receber dinheiro porque é um serviço que não cabe dizer se eu gostei ou não. Como leitora crítica, preciso apontar para você se o ritmo está bom, se não está arrastado ou rápido demais, se quando forem ler seu livro, vão compreender as pistas que você jogou durante o texto para aquele pequeno mistério envolvendo os personagens. Se há erros de continuidade, como a personagem estar na sala e, de repente, ser mencionado que ela está na cozinha na mesma cena. Se não esqueceu de um objeto em outro capítulo e ele, de repente, apareceu em outra cena sem explicação. Ou se o personagem não pegou coisas do nada, também sem explicação, como se fosse um the sims tirando uma fatia de bolo do bolso.

São muitos detalhes e por isso mesmo nós lemos com calma. Não devoramos o livro em dois dias, pelo contrário, meus prazos costumam ser de no mínimo 30 dias porque preciso analisar com muito cuidado e não deixar passar nada (e eu sou humana, então é óbvio que alguma coisa pode passar).

E é aqui que muita gente esquece que nós não estamos sendo ruins ou que achamos que seu texto não é bom pela quantidade de apontamentos ou o tamanho do relatório. No meu caso, faço relatórios grandes porque escrevo muito, dou sugestões, mostro quando algo funcionou para que isso fique mais consciente, que você entenda que fez algo muito legal ali.

Nós queremos que sua história seja ainda melhor. Nossa função não é ficar elogiando cada detalhe da sua história, não é revisar erros gramaticais, não é nem mesmo fazer uma leitura sensível de algum tema que tenha no texto (exceto se você contratar leitura crítica e sensível junto, o que é totalmente possível).

 

Tá bom, Lari, eu entendi tudo o que você falou, mas como vou saber que realmente preciso da leitura crítica?

 

Primeiro, quero dizer que todos os serviços editoriais são essenciais nesse nosso meio, mas como autora independente, quero reforçar que sei que não temos dinheiro o suficiente para bancar todos eles. Eu acabo escolhendo o que preciso mais para fazer orçamento e ver se serei capaz de pagar, então você precisa ter isso em mente também se for o seu caso.

Então o que quero te propor é fazer a seguinte pergunta: estou com algum receio referente a minha história? Receio do ritmo, de possíveis furos, da personalidade dos personagens, será que é melhor alguém ler isso aqui com outro olhar? Se a resposta for sim, vá atrás de um leitor crítico que você não irá se arrepender.

Mas o que posso garantir é que ao menos você passou por leitura crítica e poderá ficar com a consciência tranquila de que trabalhou no seu texto o máximo que conseguiu. Isso faz diferença na hora de publicar.

Já vi resenhas que falavam “tem muita coisa nesse texto que uma leitura crítica teria resolvido…” Concordo, mas em partes. Não posso garantir com certeza de que você não irá receber uma resenha assim porque, às vezes, nós apontamos algumas coisas no relatório que ê autore não concorda e acaba não acatando.

E tá tudo bem, viu? Você não é obrigade a aceitar nada do que estiver no relatório, tá? São sugestões, mas você é quem escreveu e conhece a sua história melhor do que ninguém. Se algo ali não fez sentido, então não precisa aceitar. Está tudo bem em discordar de algumas coisas, gostar de outras…

Escolhendo alguém para fazer minha leitura crítica (ou também como vender meu serviço)

 

Tá bom, Lari, fui convencide a contratar. Como acho a pessoa certa?

 

Difícil, né? Infelizmente, existem muitas pessoas que vendem o serviço de leitura crítica, mas chamam de leitura beta. Também tem muita gente que nem mesmo estudou para poder oferecer o serviço, mas está com agenda aberta e enganando pessoas. E, o pior, tem gente que fala que faz leitura crítica, mas pede para o chatGPT fazer, viu? Nosso dinheiro não dá em árvore, infelizmente, então precisamos tomar muito cuidado.

Pode parecer que para fazer uma leitura crítica basta você ler muito, mas não é bem assim. A gente estuda pra caramba! Nunca paramos, na verdade, como qualquer profissão que se leve a sério.

Hoje em dia existem cursos que podem ajudar quem está interessado na profissão a se aprofundar e ir atrás, mas tem muitas pessoas oferecendo o serviço sem saber o básico, acreditando que basta ter lido muitos livros e criticar. Sinto em dizer que está errado e podem acabar te magoando porque levaram a palavra “crítica” ao pé da letra.

Então, minha sugestão enquanto leitora crítica é: se não tiver indicação de profissional de algum colega escritor, procure nas redes sociais profissionais que demonstrem que estão estudando, que falem sobre o serviço, que tenham portfólio (seja os livros trabalhados já publicados ou ao menos depoimentos das pessoas com quem trabalhou, isso faz toda a diferença para você ter ideia do que funcionou ou não).

 

Pô, Lari, mas eu tô começando na leitura crítica agora, como vender meu trabalho?

 

Já estive no seu lugar e sei que não é fácil. Sou muito grata às pessoas que confiaram no meu trabalho no início, enquanto montava o portfólio. Então aqui fica a dica do que eu fiz: comecei estudando escrita criativa, fui atrás de outras pessoas que já falavam sobre leitura crítica, mostrei isso nas minhas redes sociais para que os leitores pudessem se sentir confortáveis e percebessem que eu me esforçava. Isso cria vínculo e permite que eles pensem em você quando pensar em leitura crítica.

E as pessoas voltam também, viu? Não só porque gostaram do meu trabalho, mas porque a gente precisa ter tato com o texto dos outros. Sabe aquela resenha de uma estrela esculachando o seu trabalho que te faz querer desistir de escrever? A mesma coisa pode acontecer se você for uma pessoa grossa no relatório de leitura crítica. Precisa ter cuidado na hora de apontar, na hora de sugerir, e de falar com quem está do outro lado. São pessoas, seres humanos com sentimentos que deram tudo de si escrevendo. Não magoe alguém só porque você não gostou de algo, saiba falar com carinho.

A mesma coisa vale se você não gostar do serviço. Saiba tecer uma crítica ao serviço de forma pacífica, não leva a nada você acabar com a pessoa e jogar isso na cara dela, apenas para provar o seu descontentamento.

Considerações finais

Acho que falei demais, mas a verdade é que poderia passar muito tempo falando sobre como a leitura crítica muda vidas. Ela mudou a minha, não só como leitora crítica, mas como autora também. Aprendi muito com apontamentos de outras pessoas, coisas que ficaram marcadas na minha memória e agora não erro mais.

Ou vícios! Fiquei mais consciente dos meus vícios e agora evito eles nas minhas histórias.

Nada é perfeito, nunca vai ser. Somos todos seres humanos passíveis de erros e a gente só fica mais pirada se for buscar o perfeccionismo em todo texto. Mas a gente pode lapidar, deixar melhor, mais próximo do que imaginamos, e com a leitura crítica isso é possível.

E aí, te convenci a procurar esse profissional? Ou até a trabalhar com isso?

Então vou deixar algumas referências que me ajudaram (e ajudam) nessa jornada, como autora e como leitora crítica.

Livros:

Como criar histórias – Ursula K. Le Guin

Como ler literatura – Terry Eagleton

Escrever ficção – Luiz Antonio de Assis Brasil

Curso:

Profissão Leitura Crítica por Karou Escreve (recomendo, foi o curso que fiz para aprender mais e me trouxe muitos insights bons)


Lari Alcantara — Uma mulher de pele clara, sorridente, com cabelos cacheados tingidos em tons de roxo e lilás. Ela está vestindo uma blusa roxa e tem uma tatuagem colorida no ombro esquerdo. Ao fundo, há uma estante com livros, bonecos e outros itens de coleção.

Sobre a autora

É escritora e leitora crítica. Começou nas fanfics do BTS em 2015 e desde 2022 resolveu trazer suas histórias para Amazon. Quando não está escrevendo ou lendo, gosta de jogar jogos de fazendinha ou de investigação, acompanhar a NBA e assistir dramas asiáticos. Acompanhe-a no Instagram: @autoralarialcantara

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