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Pitching Editorial e conexões: se você achou que escritor só escrevia, senta aqui um minutinho | por Paulo Pera

Era uma tarde quente do Rio de Janeiro e eu suava frio.

Foi a primeira vez que apresentei um livro escrito por mim para mais de trinta pessoas ao mesmo tempo.

Algumas delas eram profissionais do livro, de editoras e até produtores do audiovisual.

E vários escritores me julgando.

Agora você entende meu desespero, né?

Apesar de tudo isso, foi uma experiência incrível. Se não fosse esse momento, essa abertura da alma, esse risco calculado que eu estava correndo, eu não estaria escrevendo isso. E você provavelmente leria outras palavras hoje neste blog (te livrei disso, vamo lá!)

A primeira vez que ouvi falar sobre pitching editorial foi em 2023, quando me inscrevi para o primeiro pitching editorial do Rio2C, um evento maravilhoso sobre criatividade (porém muito caro). Meu projeto foi selecionado e tive a oportunidade de apresentar, em seis minutos, minha obra, que será lançada no final desse ano, o livro Possessão.

Apresentação do Pitching Editorial no evento Rio2C com uma plateia atenta assistindo o Paulo Pera — homem de pele clara, cabelos curtos e escuros, barba curta e aparada, usando uma camiseta preta. Ele está em pé, segurando um microfone com a mão direita e usando um crachá colorido do evento pendurado no pescoço — apresentando o seu projeto 'Possessão', diante de uma tela grande. Na tela, há uma apresentação com o título

Pitching Editorial do Rio2C, onde Paulo Pera apresentou o seu projeto ‘Possessão’. Consegue achar a Dona Fantástica por aí? 👀🤭

Mas afinal, o que é um pitching?

Pitching vem do inglês pitch, que basicamente é o ato de vender uma ideia de forma rápida e certeira. Muito usado na indústria do audiovisual, o formato mais conhecido (e mais informal) de pitch é conhecido como o pitch de elevador: você nunca sabe quando vai encontrar com o produtor perfeito para seu projeto enquanto se movimenta pelo prédio, então você precisa ter seu projeto tão bem resumido para passar as informações mais importantes no tempo em que o elevador sobe ou desce. Pode ser a oportunidade da sua vida, e você precisa estar pronto para isso.

O pitching então, nada mais é do que um evento voltado a pessoas que apresentarão seus projetos com um pitch. Geralmente tem o tempo entre 3 e 6 minutos e ainda um espaço para perguntas e respostas no final.

E o pitching editorial? Bom, é um evento de pitchs só para o mercado editorial, oras. Mas que também pode ser apresentado para profissionais de outros setores que buscam o novo romance distópico para adaptar, quem sabe…

E qual a importância de um evento desses?

O mercado editorial é bem fechadinho, não é? Para conversar com alguém, geralmente você chega por indicação e mesmo assim isso não te garante nada. Um evento como um pitching editorial é importante por fazer uma curadoria dos trabalhos que têm potencial e entregar diretamente para quem trabalha no mercado, quem pode estar interessado ou quem pode ajudar de alguma forma.

É importante para mostrar seu trabalho, se mostrar como autor para um grupo que talvez nunca te veria antes, receber informações valiosíssimas e melhorar sua rede de contatos.

Sério, o network é a melhor parte!

Lembra que eu disse que, se não fosse pelo pitching que participei em 2023, eu não estaria aqui escrevendo isso? Pois bem, naquele evento eu não fechei nenhum contrato, não conheci atores globais, fui ignorado por boa parte das editoras que não queriam saber de histórias de terror… Mas foi lá que vi a apresentação do Hotel Fantástico volume 2022 e conheci a Dona Fantásticaaaa! A partir daí, só sucessos: já até participei do volume 2023 da Hotel, estou escrevendo aqui no blog, fechei trabalhos maravilhosos de editoração com eles e agora só as histórias mais fantásticas vão me dizer onde vou parar.

E não foi só esse encontro, mas muitos outros aconteceram nesse evento. Eu poderia contar o quão importante foi cada um deles, mas não quero me estender. O que importa é que a rede de contatos que você cria em um evento como esse conta para muito além de qualquer contrato que possa ser fechado.

E o futuro?

O formato de pitching no Brasil é novo, e este voltado exclusivamente ao mercado editorial parece ter realmente sido estreado pelo evento no Rio2C. Porém, essa ideia trouxe a oportunidade para que se replicasse em eventos regionais, como alguns que começam a acontecer de forma mais restrita para convidados ou agenciados. Também com a editora Fantástica abrindo os pitchings para que os mais votados do Hotel Fantástico pudessem apresentar um projeto editorial para publicação pela própria editora.

Vendo esse potencial, eu mesmo repliquei a ideia de Pitching Editorial na oficina que estou ministrando pela Fundação Cultural de Curitiba. Na oficina são desenvolvidos romances ou novelas que depois de cinco meses de escrita podem ser apresentados para uma banca de profissionais do setor editorial ou artístico da cidade de Curitiba e até convidados de fora. É uma oportunidade única para autores iniciantes e sem contatos de mercado iniciarem sua carreira.

Paulo Pera — homem de pele clara, cabelos curtos, escuros e com vários fios grisalhos, vestindo camisa xadrez vermelha e preta sobre camiseta preta e calça jeans também preto — está de pé no palco durante uma apresentação, sorrindo, segurando um microfone, em um ambiente escuro. Ao fundo, um slide projetado mostra uma imagem de máquina de escrever com uma folha escrita: “Pitching Editorial 28/06. Paulo Pera. Praça de Humilhação”.

Pitching Editorial da oficina Escreva Seu Livro em Cinco Meses. Paulo Pera apresentando o seu projeto ‘Praça de Humilhação’.

Apesar dos eventos mais fechados, tenho certeza que este modelo será mais usado no futuro. Em um mundo em que a proximidade autor-leitor é cada vez mais demandada, provavelmente alguns editores quererão conhecer não só a obra escrita, mas como o autor consegue apresentá-la.

Então talvez seja o momento de você rever o pitch do seu projeto sensacional e ir lapidando-o a cada vez que for falar sobre ele. Afinal, nunca se sabe quando terá a oportunidade de pegar elevador com a pessoa que está procurando exatamente seu projeto ou pode ajudá-lo a levar mais longe.

E não se preocupe: sou ator há muito tempo, mas ainda assim é normal suar as mãos em qualquer apresentação do tipo. Só não deixe a caneta escorregar.


Paulo Pera — homem de pele clara, cabelos curtos, escuros e com vários fios grisalhos, barba curta e aparada, vestindo camisa escura, com expressão intensa e olhar fixo em direção à câmera — está iluminado por quatro velas acesas dispostas à sua frente. O fundo também é escuro com cortinas vermelhas, criando um clima misterioso.

Sobre o autor

Paulo Pera é escritor, roteirista e ator. Gosta de misturar humor com terror, com ficção científica, criar personagens falhos e provocar o leitor com histórias que desafiam o que é real. Já venceu prêmio literário com seu primeiro livro de contos e escreveu roteiros premiados de curta-metragem.

Seu mais recente lançamento é ‘O Jogo da Meia-noite’, que não é seu primeiro romance, mas é o primeiro no gênero suspense e terror – uma estreia que marca também uma nova fase como autor.

Nas redes, você pode encontrá-lo como @opaulopera, onde compartilha bastidores da escrita, reflexões sobre literatura e ideias sombrias com muito bom humor. Também pode encontrar mais em seu Site.

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