Glaciros
Cai a noite mais longa do ano, na segunda metade do mês de junho, e os glaciros se põem em ação. Nascidos do hálito gélido das brisas do inverno e nutridos pelas gotículas quase cristalinas do sereno, esses pequenos duendes do frio se regozijam na época em que estamos.
Seus corpos miúdos são azuis e eles usam elaborados cortes no cabelo feito de cristais de gelo, bem como roupas tecidas em teias de aranha, folhinhas e pétalas, mas preferem ficar invisíveis para melhor tramarem suas artimanhas. É na conta dos glaciros que devemos colocar nossa maior vontade de ficar na cama pela manhã, o frio nos pés mesmo com meias, a tosse e os espirros que frequentemente vêm nos fazer companhia. Eles acham graça de como o frio nos afeta, enquanto eles próprios lhe são imunes, inclusive dormindo na beira de rios ou em pedras úmidas na natureza, ou na geladeira de nossas casas, quando decidem passar nelas uma temporada.
É a época dos glaciros e do reinado do frio, mas logo a eterna dança das estações dará lugar ao clima quente, e então será a hora dos flâmios, os duendes do calor, os enxotarem para longe, até que voltem no ano seguinte. É bom lembrar que os flâmios trazem dias longos, luz e o verão, mas no fim todos os duendes são extremos por natureza, e passaremos a reclamar do excesso da sua energia, que nos faz suar em demasia e nos traz pernilongos à noite.
De fato, cada época tem seus prós e contras.
✍️ Conto por: Lucas Samuel (@autor_lucassamuel)
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